A diferença de juros entre os EUA e o Japão é a culpada? Interpretação das razões da queda do iene e o jogo de poder entre o banco central e o aumento das taxas de juros

Lógica profunda por trás da contínua depreciação do iene

Recentemente, o iene tem vindo a desvalorizar face ao dólar americano, mas por trás desta tendência não está apenas uma simples flutuação cambial, mas sim uma lógica económica clara. A diferença de taxas de juro entre os Estados Unidos e o Japão é o principal motor da depreciação do iene. O Banco do Japão mantém uma política de juros baixos há muito tempo, enquanto o Federal Reserve mantém uma taxa de juro relativamente elevada, criando um ambiente de diferencial de juros que fomenta operações de arbitragem contínuas — investidores tomam emprestado ienes a juros baixos e investem em ativos denominados em dólares para obter ganhos com o diferencial. Este mecanismo mantém-se em funcionamento, levando a uma oferta abundante de ienes e a uma procura insuficiente, pressionando assim a taxa de câmbio.

Até 27 de novembro, o USD/JPY chegou a cair abaixo de 156, mas isto não é um sinal de inversão de tendência, apenas uma correção técnica de curto prazo no mercado.

Alertas do governo e aumento das expectativas de subida de juros do banco central

As ações de política começaram a alterar as expectativas do mercado. Em 26 de novembro, a primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, declarou publicamente que o governo monitorará de perto as flutuações cambiais e, se necessário, tomará ações “decisivas” no mercado cambial. Por trás desta declaração está a preocupação das autoridades japonesas com a fraqueza prolongada do iene. Fontes próximas revelaram que o Banco do Japão poderá anunciar uma subida de juros na decisão de política de dezembro.

Com o aumento das expectativas de subida de juros, o sentimento do mercado começou a mudar. Até ao momento da publicação, o USD/JPY recuou claramente dos picos, refletindo uma reavaliação por parte dos investidores quanto à mudança de política do Banco do Japão.

A decisão do Federal Reserve será uma variável-chave

O momento decisivo de dezembro aproxima-se. O Federal Reserve anunciará a sua decisão de taxa de juro uma semana antes da reunião do Banco do Japão, que ocorrerá a 19 de dezembro. A relação entre estas duas decisões não é coincidência — analistas geralmente acreditam que a decisão do Banco do Japão será fortemente influenciada pela orientação da política do Fed.

Se o Fed mantiver as taxas atuais, isso exercerá uma pressão substancial sobre o Banco do Japão para não subir juros. Mas, se o Fed optar por cortar juros, o Banco do Japão será mais propenso a adotar uma postura de observação, mantendo a política atual por enquanto. As probabilidades de mercado para uma subida de juros ou para adiá-la estão ambas em torno de 50%.

A analista do Commonwealth Bank, Carol Kong, acredita que as ações do Banco do Japão podem ser influenciadas pela aprovação do orçamento. “O Banco do Japão, de forma prudente, pode optar por esperar até que o parlamento aprove o orçamento antes de subir juros, ganhando tempo para futuras ajustamentos de política e observando de perto o desenvolvimento das negociações salariais.”

A redução do diferencial de juros pode reescrever o destino do iene?

À primeira vista, o aumento das expectativas de subida de juros deveria sustentar o iene. Se o diferencial de juros entre os EUA e o Japão continuar a diminuir, isso reduzirá o apelo das operações de arbitragem e diminuirá as posições vendidas em ienes. No entanto, o estratega de câmbio do UBS, Vassili Serebriakov, desmistifica essa ideia: “Uma única subida de juros não é suficiente para inverter a tendência de médio prazo do iene.” Ele aponta que o diferencial de juros entre os EUA e o Japão ainda se encontra em níveis relativamente altos, com baixa volatilidade, o que significa que a pressão de depreciação do iene ainda não desapareceu de forma significativa.

Para que o iene realmente valorize, o Banco do Japão precisa mostrar uma postura mais hawkish — não apenas subir juros em dezembro, mas também comprometer-se a continuar a política de aperto monetário até 2026, de modo a controlar efetivamente a inflação e melhorar o ambiente de taxas de juro.

Expectativas de intervenção do mercado e jogo cambial

Jane Foley, estratega de câmbio do ING, apresenta uma interessante paradoxo: o medo do mercado de uma intervenção do governo japonês pode, na verdade, limitar a subida do dólar face ao iene, reduzindo assim a necessidade de ações concretas por parte das autoridades. Em outras palavras, a própria expectativa pode alterar o resultado.

No curto prazo, a taxa de câmbio do iene oscilará entre expectativas de subida de juros, decisões do Fed, expectativas de intervenção governamental e dinâmicas do diferencial de juros. A razão para a queda do iene não desapareceu, mas o mercado já começou a reprecificar uma possível mudança de política. O verdadeiro ponto de viragem dependerá das ações concretas do Fed e do Banco do Japão nas próximas semanas.

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