Quando investes em ações, já te perguntaste por que às vezes uma mesma ação dispara de repente, e noutras cai drasticamente? Quem está realmente por trás dessas movimentações? A resposta é simples — oferta e procura. Estes dois conceitos económicos aparentemente simples são, na verdade, as forças centrais que determinam a subida ou descida do preço das ações.
O que são procura e oferta? Por que os investidores precisam de entender
Muita gente pensa que procura é “quero comprar” e oferta é “alguém está a vender”. Mas, na realidade, é muito mais complexo do que isso.
Procura: a batalha psicológica por trás das ordens de compra
Procura (Demand) é a quantidade de bens ou serviços que as pessoas estão dispostas a comprar a diferentes níveis de preço. Este relacionamento é representado por uma curva conhecida como curva de procura.
Por exemplo, numa ação: quando o preço está nos 100 euros, talvez haja 1000 compradores interessados. Mas se o preço subir para 150 euros, talvez apenas 500 estejam dispostos a pagar esse valor. Isto é o que a curva de procura mostra — quanto mais alto o preço, menor a quantidade de compradores dispostos a adquirir.
Por que acontece assim? Economistas resumem em dois motivos:
Efeito Renda: Quando o preço das ações cai, o valor do teu dinheiro aumenta de forma relativa. Por exemplo, antes só podias comprar 10 ações, agora podes comprar 15. Assim, tens mais vontade de comprar.
Efeito Substituição: Quando uma ação fica mais barata, ela torna-se mais atrativa em comparação com outras ações. Vais deixar de comprar outras e concentrar-te nesta, aumentando a procura.
Existem ainda muitos fatores que influenciam a procura:
Expectativas dos investidores (se acham que a ação vai subir, a procura aumenta)
Situação económica geral (economia a melhorar, mais pessoas querem comprar ações)
Liquidez do mercado (mais dinheiro disponível, mais pessoas a investir)
Políticas governamentais (apoio a determinados setores faz a procura por ações desses setores subir)
Oferta: a lógica por trás das ordens de venda
Oferta (Supply) é a quantidade de bens ou serviços que os vendedores estão dispostos a oferecer a diferentes níveis de preço. Representada pela curva de oferta.
A lógica é inversa à procura: quanto mais alto o preço, mais os vendedores querem vender. Por exemplo, se o preço de uma ação sobe de 100 para 150 euros, quem não queria vender antes, agora quer vender, porque o preço está bom. Assim, a curva de oferta mostra que, quanto mais alto o preço, maior a quantidade de ações que os vendedores querem colocar no mercado.
No mercado de ações, a oferta é influenciada por fatores como:
Decisões das empresas: emissão de novas ações (aumenta a oferta), recompra de ações (diminui a oferta)
IPOs (oferta pública inicial): aumentam o número total de ações disponíveis
Vontade dos acionistas de vender (se os principais acionistas querem reduzir posições, a oferta aumenta significativamente)
Custos de produção (se os custos de emissão ou manutenção de ações diminuem, a oferta aumenta)
O choque entre procura e oferta: como se fixa o preço
Só olhar para procura ou oferta isoladamente não explica por que o preço está neste nível. O que realmente determina o preço é o ponto de equilíbrio, onde a curva de procura e a curva de oferta se cruzam.
Neste ponto de equilíbrio, a quantidade que os compradores querem comprar é igual à quantidade que os vendedores querem vender. O mercado fica então neste preço e quantidade, sem tendência de mudança — a menos que uma nova força entre em ação.
Imagina:
Se o preço sobe repentinamente, os vendedores pensam “este preço é ótimo, vou vender mais”. Mas os compradores pensam “está caro, vou comprar menos”. Como resultado, há excesso de oferta e stock acumulado. Isso força o preço a descer até atingir o ponto de equilíbrio.
Se o preço cai de repente, os compradores entram em massa para aproveitar, enquanto os vendedores reduzem a oferta. Assim, há escassez e o preço é forçado a subir de novo até ao equilíbrio.
Por isso, o ponto de equilíbrio funciona como um “regulador automático” do mercado: por mais que oscile, acaba por regressar a esse ponto.
No mercado financeiro, o que há de especial na procura e oferta
A procura e oferta de ações é muito mais complexa do que a de bens comuns, porque muitos fatores se entrelaçam.
Fatores centrais que influenciam a procura de ações
Sinais macroeconómicos: crescimento do PIB, inflação, taxas de juro — tudo influencia o apetite dos investidores. Por exemplo, quando o banco central baixa as taxas, o dinheiro fica mais barato, e os investidores tendem a reduzir depósitos e aumentar investimentos.
Liquidez do mercado: mais dinheiro no sistema financeiro significa mais fundos a entrar na bolsa, aumentando a procura.
Confiança dos investidores: expectativas positivas podem desencadear uma onda de compras. Por outro lado, más notícias podem levar a vendas em massa.
Fatores centrais que influenciam a oferta de ações
Decisões das empresas: se optam por emitir mais ações ou recomprar, isso afeta diretamente a quantidade de ações disponíveis.
Novos IPOs: quando uma nova empresa entra no mercado, aumenta a oferta de ações.
Regras regulatórias: por exemplo, restrições à venda de ações por insiders ou processos de aprovação de IPOs — tudo isso influencia a quantidade de ações no mercado.
Como usar procura e oferta na prática de investimento
Não é só teoria económica. Entender procura e oferta permite-te antecipar a direção do preço das ações.
Usar análise fundamental para compreender procura e oferta
Quando olhas para uma ação, à superfície vês a variação do preço, mas, na essência, estás a avaliar se a empresa vale a pena comprar.
Por exemplo, se as perspetivas de lucros do próximo trimestre melhorarem, os analistas elevam o preço-alvo. Assim, os investidores aumentam a procura, pois estão dispostos a pagar mais para possuir essa empresa (procura aumenta). Os vendedores, por outro lado, podem hesitar em vender a preços baixos, reduzindo a oferta. Resultado: procura ↑ oferta ↓, e o preço sobe.
Se, ao contrário, surgem notícias negativas, os compradores recuam (procura ↓), e os vendedores aceleram a venda (oferta ↑), levando a uma descida do preço.
Usar análise técnica para captar sinais de procura e oferta
A análise técnica é, na verdade, uma linguagem gráfica que conta a história das forças de compra e venda:
1. Observar as velas (candlesticks) para perceber quem domina
Velas verdes (fechamento acima da abertura) = compradores dominam, procura forte
Velas vermelhas (fechamento abaixo da abertura) = vendedores dominam, oferta forte
Doji (abertura e fecho próximos) = equilíbrio entre compradores e vendedores, ninguém domina
2. Observar tendências para perceber forças de longo prazo
Novas máximas constantes = compradores continuam a vencer, procura sustentada
Novas mínimas constantes = vendedores continuam a dominar, oferta crescente
Consolidação (movimento lateral) = equilíbrio de forças, aguardando uma quebra
3. Observar níveis de suporte e resistência para identificar ordens ocultas
Suportes: zonas onde há muitas ordens de compra à espera de um recuo de preço
Resistências: zonas onde há muitas ordens de venda à espera de uma subida de preço
Como usar procura e oferta para comprar na baixa e vender na alta
Se queres aplicar a teoria na prática, uma estratégia comum é a “zona de procura e oferta”.
Captar oportunidades de reversão (Reversal Trading)
Reversão por procura (bottom reversal):
Quando uma ação cai fortemente (excesso de oferta), os vendedores empurram o preço para níveis muito baixos. Mas, ao atingir um extremo, os compradores pensam “isto está barato demais, vou aproveitar para comprar a baixo preço”. Começam a lutar na zona de suporte. De repente, surge uma notícia positiva, aumenta a confiança, e o preço rompe esse nível de resistência, disparando para cima — sinal de reversão.
Reversão por oferta (top reversal):
Quando uma ação sobe muito (excesso de procura), os vendedores pensam “isto está caro demais, vou vender”. Começam a lutar na zona de resistência. Uma notícia negativa faz os vendedores ganharem força, rompendo o suporte, e o preço despenca — reversão de topo.
Seguir a tendência (Trend Following)
Na maior parte das vezes, a tendência continua, não se inverte.
Continuação de alta:
A ação sobe de um fundo, atinge um topo, e há uma fase de consolidação — uma pausa. Mas a força de procura ainda está presente. Quando surgem novas notícias favoráveis, o preço rompe a resistência e continua a subir. Seguir a tendência nesta fase aumenta as hipóteses de sucesso.
Continuação de baixa:
A ação cai de um topo, encontra suporte, e há uma fase de consolidação. Mas a pressão de oferta ainda persiste. Se aparecerem más notícias ou mudança de humor do mercado, o preço pode continuar a descer. Nessa fase, fazer short ou evitar comprar é a melhor estratégia.
Últimos conselhos
Procura e oferta não são conceitos complicados. Estão presentes em cada vela, em cada movimento de preço. O que precisas de fazer é:
Aprender a identificar sinais: quando há procura forte, quando há excesso de oferta — isso exige prática na leitura de gráficos e análise de mercado.
Combinar análise fundamental com técnica: sinais gráficos devem ser validados pelos fundamentos da empresa, para evitar falsas quebras.
Praticar continuamente: testar estas estratégias em conta demo ou com pequenas posições, para ganhar experiência e confiança.
Se conseguires entender de verdade como procura e oferta impulsionam o preço das ações, estarás mais perto de te tornares um investidor racional.
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O segredo das oscilações do mercado de ações: entender a oferta e a procura permite prever a direção dos preços
Quando investes em ações, já te perguntaste por que às vezes uma mesma ação dispara de repente, e noutras cai drasticamente? Quem está realmente por trás dessas movimentações? A resposta é simples — oferta e procura. Estes dois conceitos económicos aparentemente simples são, na verdade, as forças centrais que determinam a subida ou descida do preço das ações.
O que são procura e oferta? Por que os investidores precisam de entender
Muita gente pensa que procura é “quero comprar” e oferta é “alguém está a vender”. Mas, na realidade, é muito mais complexo do que isso.
Procura: a batalha psicológica por trás das ordens de compra
Procura (Demand) é a quantidade de bens ou serviços que as pessoas estão dispostas a comprar a diferentes níveis de preço. Este relacionamento é representado por uma curva conhecida como curva de procura.
Por exemplo, numa ação: quando o preço está nos 100 euros, talvez haja 1000 compradores interessados. Mas se o preço subir para 150 euros, talvez apenas 500 estejam dispostos a pagar esse valor. Isto é o que a curva de procura mostra — quanto mais alto o preço, menor a quantidade de compradores dispostos a adquirir.
Por que acontece assim? Economistas resumem em dois motivos:
Efeito Renda: Quando o preço das ações cai, o valor do teu dinheiro aumenta de forma relativa. Por exemplo, antes só podias comprar 10 ações, agora podes comprar 15. Assim, tens mais vontade de comprar.
Efeito Substituição: Quando uma ação fica mais barata, ela torna-se mais atrativa em comparação com outras ações. Vais deixar de comprar outras e concentrar-te nesta, aumentando a procura.
Existem ainda muitos fatores que influenciam a procura:
Oferta: a lógica por trás das ordens de venda
Oferta (Supply) é a quantidade de bens ou serviços que os vendedores estão dispostos a oferecer a diferentes níveis de preço. Representada pela curva de oferta.
A lógica é inversa à procura: quanto mais alto o preço, mais os vendedores querem vender. Por exemplo, se o preço de uma ação sobe de 100 para 150 euros, quem não queria vender antes, agora quer vender, porque o preço está bom. Assim, a curva de oferta mostra que, quanto mais alto o preço, maior a quantidade de ações que os vendedores querem colocar no mercado.
No mercado de ações, a oferta é influenciada por fatores como:
O choque entre procura e oferta: como se fixa o preço
Só olhar para procura ou oferta isoladamente não explica por que o preço está neste nível. O que realmente determina o preço é o ponto de equilíbrio, onde a curva de procura e a curva de oferta se cruzam.
Neste ponto de equilíbrio, a quantidade que os compradores querem comprar é igual à quantidade que os vendedores querem vender. O mercado fica então neste preço e quantidade, sem tendência de mudança — a menos que uma nova força entre em ação.
Imagina:
Por isso, o ponto de equilíbrio funciona como um “regulador automático” do mercado: por mais que oscile, acaba por regressar a esse ponto.
No mercado financeiro, o que há de especial na procura e oferta
A procura e oferta de ações é muito mais complexa do que a de bens comuns, porque muitos fatores se entrelaçam.
Fatores centrais que influenciam a procura de ações
Fatores centrais que influenciam a oferta de ações
Como usar procura e oferta na prática de investimento
Não é só teoria económica. Entender procura e oferta permite-te antecipar a direção do preço das ações.
Usar análise fundamental para compreender procura e oferta
Quando olhas para uma ação, à superfície vês a variação do preço, mas, na essência, estás a avaliar se a empresa vale a pena comprar.
Por exemplo, se as perspetivas de lucros do próximo trimestre melhorarem, os analistas elevam o preço-alvo. Assim, os investidores aumentam a procura, pois estão dispostos a pagar mais para possuir essa empresa (procura aumenta). Os vendedores, por outro lado, podem hesitar em vender a preços baixos, reduzindo a oferta. Resultado: procura ↑ oferta ↓, e o preço sobe.
Se, ao contrário, surgem notícias negativas, os compradores recuam (procura ↓), e os vendedores aceleram a venda (oferta ↑), levando a uma descida do preço.
Usar análise técnica para captar sinais de procura e oferta
A análise técnica é, na verdade, uma linguagem gráfica que conta a história das forças de compra e venda:
1. Observar as velas (candlesticks) para perceber quem domina
2. Observar tendências para perceber forças de longo prazo
3. Observar níveis de suporte e resistência para identificar ordens ocultas
Como usar procura e oferta para comprar na baixa e vender na alta
Se queres aplicar a teoria na prática, uma estratégia comum é a “zona de procura e oferta”.
Captar oportunidades de reversão (Reversal Trading)
Reversão por procura (bottom reversal): Quando uma ação cai fortemente (excesso de oferta), os vendedores empurram o preço para níveis muito baixos. Mas, ao atingir um extremo, os compradores pensam “isto está barato demais, vou aproveitar para comprar a baixo preço”. Começam a lutar na zona de suporte. De repente, surge uma notícia positiva, aumenta a confiança, e o preço rompe esse nível de resistência, disparando para cima — sinal de reversão.
Reversão por oferta (top reversal): Quando uma ação sobe muito (excesso de procura), os vendedores pensam “isto está caro demais, vou vender”. Começam a lutar na zona de resistência. Uma notícia negativa faz os vendedores ganharem força, rompendo o suporte, e o preço despenca — reversão de topo.
Seguir a tendência (Trend Following)
Na maior parte das vezes, a tendência continua, não se inverte.
Continuação de alta: A ação sobe de um fundo, atinge um topo, e há uma fase de consolidação — uma pausa. Mas a força de procura ainda está presente. Quando surgem novas notícias favoráveis, o preço rompe a resistência e continua a subir. Seguir a tendência nesta fase aumenta as hipóteses de sucesso.
Continuação de baixa: A ação cai de um topo, encontra suporte, e há uma fase de consolidação. Mas a pressão de oferta ainda persiste. Se aparecerem más notícias ou mudança de humor do mercado, o preço pode continuar a descer. Nessa fase, fazer short ou evitar comprar é a melhor estratégia.
Últimos conselhos
Procura e oferta não são conceitos complicados. Estão presentes em cada vela, em cada movimento de preço. O que precisas de fazer é:
Se conseguires entender de verdade como procura e oferta impulsionam o preço das ações, estarás mais perto de te tornares um investidor racional.