Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão recentemente a fazer grandes movimentações - discutindo a implementação de uma armadilha de pagamento que contorne o dólar. Esta questão parece simples, mas na verdade é uma reconfiguração do poder econômico global.
Por que os BRICS estão fazendo isso?
Os dados falam por si: os BRICS têm 40% da população global e 25% do PIB. Mas com um tamanho tão grande, estão com o pescoço preso pelo dólar no comércio internacional. Enfrentam constantemente sanções econômicas dos EUA e riscos de volatilidade cambial - a Rússia foi excluída do sistema de liquidação em dólares devido ao conflito na Ucrânia, e isso é um alerta para todos.
Na Cúpula de Joanesburgo do BRICS em 2023, os líderes dos países deixaram claro: queremos fazer negócios com nossas próprias moedas, não queremos mais contornar o dólar em todas as situações.
Quais são as possíveis soluções?
Solução A: Aliança de Moedas Digitais
Cada país emite sua própria moeda digital, interconectando-se através de blockchain ou canais proprietários. A vantagem é que não é necessário criar uma nova moeda e os países mantêm sua soberania; a desvantagem é que a integração tecnológica é complexa e o risco de segurança é alto.
Opção B: Sistema de moeda cesta
Semelhante aos Direitos Especiais de Votação (SDR) do FMI - composto por uma “cesta de moedas” em proporções das cinco moedas, o comércio internacional é liquidado diretamente com essa cesta. Parece bom, mas para que os países concordem com a distribuição do peso das taxas de câmbio, isso envolve uma disputa de interesses.
Opção C: “Câmara de Compensação” versão BRICS
Estabelecer uma entidade de liquidação independente, onde os comerciantes podem transacionar em moeda local, com conversões automáticas no sistema. A dificuldade é mínima, mas é necessário estabelecer mecanismos de confiança e de mitigação de riscos.
Por que é difícil?
Diferenças significativas na estrutura econômica
O PIB da China é de 17 trilhões de dólares, a Índia de 6 trilhões, e a Rússia apenas 2 trilhões. Os níveis de preços, taxas de inflação e taxas de endividamento dos cinco países são diferentes, qual moeda servirá de âncora? Assim que um país enfrentar uma crise econômica, o risco de todo o sistema disparará.
Custo de confiança política elevado
A Rússia e a Índia, assim como a Índia e a China, têm disputas de fronteira; o Brasil e outros países apresentam grandes diferenças nas suas estruturas comerciais. Se realmente se pretende delegar poder a um mecanismo comum, todos os países terão que ceder - isso, em um contexto de forte nacionalismo, implica um custo político muito elevado.
O efeito de rede do dólar ainda é forte
97% das transações de câmbio no mundo são realizadas em dólares; o comércio na Europa, Sudeste Asiático e Oriente Médio também é cotado em dólares. Mesmo que a nova moeda dos BRICS seja lançada, qual será sua aceitação? Os EUA certamente atacarão a partir de três dimensões: financeira, tecnológica e da opinião pública.
Situação Atual e Perspectivas
Atualmente, os países ainda estão na fase de testes - a Índia e a China já estão realizando parte dos pagamentos em rúpias e renminbi no comércio de fronteira; o banco central do Brasil está estudando a interoperabilidade das moedas digitais. Mas tudo isso é apenas um “teste” e a unificação oficial dos pagamentos do BRICS ainda está muito longe.
O roteiro mais realista: Nos próximos 3 a 5 anos, os BRICS lançarão um “quadro de liquidação de transações” comum em vez de uma verdadeira moeda unificada. Os países manterão suas moedas nacionais, mas através deste quadro farão a liquidação diretamente, evitando o intermediário do dólar - assim, poderão alcançar o objetivo de desdolarização sem enfrentar o grande desafio de criar uma moeda unificada.
A lógica central é clara: a dominação do dólar é a pedra angular do domínio financeiro ocidental, e ao mover essa pedra, os BRICS estão, na verdade, abalando toda a ordem financeira internacional. Se terão sucesso ou não é outra questão, mas essa direção é certamente uma grande tendência histórica.
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Os BRICS querem o seu próprio dinheiro, será que conseguem?
Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão recentemente a fazer grandes movimentações - discutindo a implementação de uma armadilha de pagamento que contorne o dólar. Esta questão parece simples, mas na verdade é uma reconfiguração do poder econômico global.
Por que os BRICS estão fazendo isso?
Os dados falam por si: os BRICS têm 40% da população global e 25% do PIB. Mas com um tamanho tão grande, estão com o pescoço preso pelo dólar no comércio internacional. Enfrentam constantemente sanções econômicas dos EUA e riscos de volatilidade cambial - a Rússia foi excluída do sistema de liquidação em dólares devido ao conflito na Ucrânia, e isso é um alerta para todos.
Na Cúpula de Joanesburgo do BRICS em 2023, os líderes dos países deixaram claro: queremos fazer negócios com nossas próprias moedas, não queremos mais contornar o dólar em todas as situações.
Quais são as possíveis soluções?
Solução A: Aliança de Moedas Digitais
Cada país emite sua própria moeda digital, interconectando-se através de blockchain ou canais proprietários. A vantagem é que não é necessário criar uma nova moeda e os países mantêm sua soberania; a desvantagem é que a integração tecnológica é complexa e o risco de segurança é alto.
Opção B: Sistema de moeda cesta
Semelhante aos Direitos Especiais de Votação (SDR) do FMI - composto por uma “cesta de moedas” em proporções das cinco moedas, o comércio internacional é liquidado diretamente com essa cesta. Parece bom, mas para que os países concordem com a distribuição do peso das taxas de câmbio, isso envolve uma disputa de interesses.
Opção C: “Câmara de Compensação” versão BRICS
Estabelecer uma entidade de liquidação independente, onde os comerciantes podem transacionar em moeda local, com conversões automáticas no sistema. A dificuldade é mínima, mas é necessário estabelecer mecanismos de confiança e de mitigação de riscos.
Por que é difícil?
Diferenças significativas na estrutura econômica
O PIB da China é de 17 trilhões de dólares, a Índia de 6 trilhões, e a Rússia apenas 2 trilhões. Os níveis de preços, taxas de inflação e taxas de endividamento dos cinco países são diferentes, qual moeda servirá de âncora? Assim que um país enfrentar uma crise econômica, o risco de todo o sistema disparará.
Custo de confiança política elevado
A Rússia e a Índia, assim como a Índia e a China, têm disputas de fronteira; o Brasil e outros países apresentam grandes diferenças nas suas estruturas comerciais. Se realmente se pretende delegar poder a um mecanismo comum, todos os países terão que ceder - isso, em um contexto de forte nacionalismo, implica um custo político muito elevado.
O efeito de rede do dólar ainda é forte
97% das transações de câmbio no mundo são realizadas em dólares; o comércio na Europa, Sudeste Asiático e Oriente Médio também é cotado em dólares. Mesmo que a nova moeda dos BRICS seja lançada, qual será sua aceitação? Os EUA certamente atacarão a partir de três dimensões: financeira, tecnológica e da opinião pública.
Situação Atual e Perspectivas
Atualmente, os países ainda estão na fase de testes - a Índia e a China já estão realizando parte dos pagamentos em rúpias e renminbi no comércio de fronteira; o banco central do Brasil está estudando a interoperabilidade das moedas digitais. Mas tudo isso é apenas um “teste” e a unificação oficial dos pagamentos do BRICS ainda está muito longe.
O roteiro mais realista: Nos próximos 3 a 5 anos, os BRICS lançarão um “quadro de liquidação de transações” comum em vez de uma verdadeira moeda unificada. Os países manterão suas moedas nacionais, mas através deste quadro farão a liquidação diretamente, evitando o intermediário do dólar - assim, poderão alcançar o objetivo de desdolarização sem enfrentar o grande desafio de criar uma moeda unificada.
A lógica central é clara: a dominação do dólar é a pedra angular do domínio financeiro ocidental, e ao mover essa pedra, os BRICS estão, na verdade, abalando toda a ordem financeira internacional. Se terão sucesso ou não é outra questão, mas essa direção é certamente uma grande tendência histórica.