A proposta de imposto sobre criptomoedas na França gera controvérsia; especialistas alertam que pode suprimir a inovação, prejudicar o desenvolvimento do ecossistema e, por fim, levar à saída de capitais

França propõe a introdução de uma emenda controversa ao imposto sobre a riqueza, incluindo pela primeira vez as criptomoedas na categoria de “riqueza não produtiva”. A medida gerou forte oposição de especialistas do setor, que alertam que a política pode inibir a inovação, prejudicar o desenvolvimento do ecossistema e levar à saída de capitais.

Reforma do imposto sobre a riqueza na França: criptomoedas entram pela primeira vez na categoria de “riqueza não produtiva”

De acordo com a Decrypt, o parlamento francês aprovou recentemente a emenda I-3379, que oficialmente inclui as criptomoedas na categoria de “riqueza não produtiva”. Esta iniciativa marca a primeira vez que a França direciona claramente sua política fiscal às ativos digitais, taxando-os juntamente com ouro, iates e carros clássicos.

A decisão implica que indivíduos com património líquido superior a aproximadamente 2 milhões de euros (cerca de 2,2 milhões de dólares) deverão pagar um imposto anual de 1%. No entanto, a emenda não oferece isenção ou redução de impostos para as criptomoedas. Especialistas criticaram duramente a medida, afirmando que ela “vai sufocar a inovação e frear o desenvolvimento do setor”, podendo levar talentos e capitais do mercado de criptomoedas a buscar outros países.

Nova lei: imposto de 1% sobre a riqueza cobre criptomoedas

A emenda estabelece que, para indivíduos com património superior a 2,2 milhões de dólares, será cobrado um imposto anual de 1%. Embora a lei isente certos imóveis de aluguel de longo prazo, as criptomoedas não receberam tratamento semelhante e foram categorizadas como “riqueza não produtiva”. Isso significa que, independentemente de serem vendidas ou não, as criptomoedas estarão sujeitas ao imposto anual.

A proposta foi apresentada pelo deputado de centro Jean-Paul Mattei, com o objetivo de incentivar investimentos de longo prazo. Contudo, a inclusão das criptomoedas na categoria de ativos não produtivos gerou ampla contestação.

Aviso de especialistas: falta de distinção entre diferentes tipos de investidores em criptomoedas

Especialistas concordam que o maior problema da nova lei é a ausência de distinção entre diferentes perfis de investidores em criptomoedas. Joe David, fundador e CEO da Nephos, uma empresa de serviços para ativos digitais, afirmou que uma abordagem simplificada pode “inadvertidamente prejudicar fundadores e construtores de ecossistemas que dedicaram anos ao setor e assumiram riscos consideráveis”.

Ele destacou que a política não oferece uma tributação adequada para fundadores de projetos, emissores de tokens e contribuintes para o desenvolvimento do ecossistema, podendo estimular a saída de capitais e divergir dos padrões fiscais globais para ativos digitais.

Burçak Ünsal, sócio do escritório ÜNSAL, acrescentou que a ausência de uma política de isenção para emissores de tokens pode criar “sinal negativo” para os construtores do setor, além de potencialmente desencorajar a manutenção de tokens a longo prazo, prejudicando a sustentabilidade dos projetos.

Riscos de impostos elevados: aumento da fuga de capitais

Austin Yuanlun Yin, contador registrado na Austrália e presidente do Comitê Global de Tributação de Criptomoedas, expressou preocupação com o projeto. Ele acredita que taxar criptomoedas como “riqueza não produtiva” pode intensificar a fuga de capitais, já que ativos digitais podem ser transferidos rapidamente para países com regimes fiscais mais favoráveis.

“Classificar ativos como Bitcoin junto com iates e obras de arte envia um sinal equivocado — trata as criptomoedas como capital ocioso, e não como uma fonte de inovação,” afirmou Yin. Ele ressaltou que os formuladores de políticas devem reconhecer o papel das criptomoedas no financiamento de startups, infraestrutura descentralizada e inovação digital.

Avanço do projeto: análise no Senado se aproxima

O projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados e agora será submetido ao Senado para análise. Segundo o cronograma, os senadores terão cerca de 70 dias para discutir a proposta, com votação final prevista até 31 de dezembro de 2025.

Análise fiscal das criptomoedas: a nova tributação na França é justa?

O que é o imposto sobre “riqueza não produtiva”?

A emenda recentemente aprovada na França define, de forma pioneira, as criptomoedas como parte da “riqueza não produtiva”. Segundo a legislação francesa, esse tipo de riqueza inclui ativos que não geram renda ou valorização, como iates, obras de arte e metais preciosos. Anteriormente, o imposto sobre a riqueza focava em bens imóveis e bens de luxo, mas agora as criptomoedas também entram na categoria, obrigando os detentores a pagar 1% ao ano, independentemente de realizarem ou não vendas.

Por que as criptomoedas foram incluídas nesta política fiscal?

A proposta visa estimular o fluxo de capital para ativos considerados produtivos, como imóveis e investimentos de longo prazo. O objetivo do projeto é incentivar investimentos que gerem benefícios econômicos, ao invés de acumular riqueza sem valorização. Contudo, a medida não levou em conta as características específicas das criptomoedas, especialmente seu papel como instrumentos de investimento de longo prazo e infraestrutura financeira descentralizada.

Como os especialistas avaliam essa política fiscal?

Muitos especialistas consideram que a medida é excessivamente simplista e não leva em conta a complexidade do mercado de criptomoedas. Fundadores e equipes podem manter uma grande quantidade de tokens como parte de seus projetos de longo prazo, sem que esses ativos tenham valorizado ainda. Assim, categorizar as criptomoedas como “riqueza não produtiva” pode penalizar inadvertidamente aqueles que impulsionam o setor.

Além disso, há preocupações quanto à falta de definição clara para “investidores profissionais” e “investidores ocasionais”, o que pode gerar confusão na administração tributária. Como distinguir esses perfis de detentores de ativos digitais ainda é uma questão em aberto.

Como solucionar essa questão?

Especialistas sugerem que o governo francês, ao formular políticas fiscais para criptomoedas, deve considerar com mais detalhes suas características específicas. Por exemplo, oferecer isenções ou reduções fiscais para fundadores, equipes e construtores de ecossistemas que mantêm tokens por longo prazo, evitando que sejam penalizados por manter ativos bloqueados por períodos extensos.

Além disso, recomenda-se que as autoridades colaborem com outros países, analisando experiências internacionais na tributação de ativos digitais, para criar uma política que seja compatível com padrões globais e que estimule a inovação doméstica.

Conclusão: o futuro da tributação de criptomoedas na França

A proposta de tributação de criptomoedas na França certamente gerou forte repercussão no setor. Especialistas alertam que, sem definições claras e regras detalhadas, a política pode frear o crescimento do mercado e aumentar a saída de capitais. Com a evolução das políticas fiscais globais para ativos digitais, o sucesso da França na manutenção de sua competitividade dependerá de como essa legislação será implementada e ajustada ao longo do tempo.

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